Dude Escreveu:
Não concordo. Kill Bill é lixo para mim. oops pretensiosa, tentativa falhada do Tarantino ser artsy e cool. Estilo sobre substância.
O uso da violência é ridículo e injustificado, tem clichés e estereótipos por todos os lados, confunde desnecessáriamente a emancipação feminina com uma necessidade de violência sexualizada, e, pior que tudo, acaba a ser uma homenagem falhada aos filmes de artes marciais japoneses ao tentar obter autenticidade dos mesmos, visto que estes são tudo menos aquilo representado no Kill Bill.
E, cinematográficamente falando, a edição/montagem do filme é pobre, o trabalho de câmara está medíocre, a banda sonora é uma treta (como já tinha referido), e a história tem algumas ideias originais mas é fraquinha. Quando não se sabe absorver os filmes do Sergio Leone dá nisto. Enfim, o Kill Bill é a manifestação da megalomania do Tarantino. Se fosse realizado por outro tipo qualquer, o filme seria uma oops, mas é o Tarantino, então "ai ui, é espectacular."
Rocky é uma bonita história; tem drama, tem acção, tem sentimento. Os combates no Rocky I não são assim tão irrealistas, pelo menos se comparares às sequelas. Falas aí de orçamento, mas o Rocky teve apenas 1M de dólares, quantia que naquela altura era quase nada. O Rocky rendeu cerca de onze vezes o seu orçamento e o Kill Bill nem o triplo do dinheiro lucrou, além da quantia que rendeu ter sido menor que a do Rocky (70M de dólares contra mais de 110M de dólares). Mas isto já pouco interessa para o meu argumento, o que interessa é que ele teve 1M de dólares para produzir o filme.
Who cares? Idk. Só estava a dizer que o Rocky não empata com o KB, mas que tem clara vantagem. Compor uma banda sonora de origem é mil vezes mais difícil que ir ali à loja de discos, alugar vinte álbuns, e usar uma música de cada um.
Toda a gente fala das bandas sonoras do Tarantino; eu não percebo o hype. O tipo não usa quase nada original, e na maior parte das vezes as músicas não são o que o filme pede. Não é por acaso que o Morricone o criticou e disse que nunca mais trabalharia com ele.
Porque é que o uso da violência é injustificado? Aliás, porque é que tem que existir justificação? No filme não vejo uma pretensão de emancipação da mulher, vejo a materialização de um sentimento, a vingança. E o filme é a megalomania do Tarantino, é verdade. É um gajo que pega em géneros de filme que adora, que pouco dizem a boa parte dos consumidores dos anos 2000, e manda-lhes à cara a sua interpretação. Não fosse os clichés do Tarantino e a reutilização que faz de materiais e conceitos antigos, estes seriam ainda mais obscuros do que são para as pessoas. Btw, a última frase do primeiro parágrafo não faz sentido nenhum, a menos que me digas um filme do género do Kill Bill que eu tenha dito que é uma oops.
Quanto ao estilo sobre a substância, isso não tem nada de mal. Nem tudo tem que ter algo de substantivo. A pintura/fotografia paisagística pouco ou nada tem de substantivo, existe arte apenas na beleza, no sentir algo pelo que é sem ter nenhum outro significado. O Rodney Mullen é um dos meus artistas favoritos e ele não faz mais nada a não ser brincar com uma tábua debaixo dos pés. Pelo sentido inverso, o filme Birth of a Nation, tem substância até mais não, e provoca nojo.
Seguindo, o Rocky tem uma história boa? LOL! Meter o branco citadino como underdog funcionou na perfeição numa sociedade derrotada pelo Vietnam e pela emancipação dos negros, mas um sebastianismo branco no boxe nunca pode ser considerado uma história boa. E a relação do Rocky com a Adrian é completamente meh.
Quanto ao combate:
Não percebi nada do teu post em relação aos orçamentos. Eu apenas disse que foi dado ao Tarantino um orçamento, nunca falei em quantidades. Até o Ninja das Caldas teve um orçamento. Se há coisa em que nada valorizo um filme é pelo custo/receita.
Quanto à música, isso é meramente subjectivo. Mas não te agarres muito à "originalidade" que isso não tem tanto valor como se pensa.